Há mais de uma década, a Diretoria de Promoção Social Auta de Souza, a exemplo de Jesus, vem adotando o meio didático da contação de histórias em hospitais, em residências de famílias assistidas e agora a pessoas em situação de rua.
Despertar nas crianças e nos adolescentes de famílias em situação de vulnerabilidade social o gosto pela leitura, estimular a imaginação e a criatividade tornando-se uma ferramenta aliada à educação, é tarefa dos contadores de histórias integrados à Biblioteca Canguru que vão até os lares daquelas famílias.
Por meio da contação de histórias, os voluntários têm como foco a percepção de algum déficit de aprendizagem, deficiências visuais ou de fala das crianças, além de terem a oportunidade de observar nas famílias acompanhadas pela Comunhão em situação de vulnerabilidade social a ocorrência de violência doméstica contra os menores.
Para a contadora de histórias Mary Moura fazer parte do grupo Paranoá foi uma experiência maravilhosa. “É o tipo de ajuda que gosto de fazer. Visitamos 3 famílias. Em uma delas encontrei crianças de quatro, oito e doze anos (Willian, Alana e Alexa). Contei histórias para elas e foi muito divertido. Receber abraços apertados das crianças falando ao meu ouvido que tinha sido incrível e maravilhoso foi emocionante. Em outra casa encontrei a mãe e uma criança de 3 anos de idade com dificuldade na fala. Mesmo não contando histórias para o Davi, brinquei bastante com ele, dando chance às minhas companheiras de conversar com tranquilidade com a mãe. Olhar o Davi cruzar os braços e fazer cara de triste quando disse que eu ia embora foi emocionante… Enfim, foi muito gratificante passar a manhã com as famílias. Muito amor envolvido no trabalho.”
Ide e levai a palavra
De acordo com o Evangelho segundo o Espiritismo, uma das missões do espírita é divulgar a mensagem do Evangelho. Foi inspirada no Capítulo 20, item 4, que a partir de 2022, a DPS vem formando novos contadores de histórias. Duas vezes por ano, são realizadas oficinas a cargo da Doutora em Antropologia e formação em narrativa oral pela Sorbonne, Paris, Rhossane Lemos. Essas oficinas se constituem em espaço de vivências com o corpo e com a alma e são propostas atividades práticas para despertar a capacidade narrativa para o exercício da contação de histórias.
Após ter participado da oficina, Nurimar Alice Gomes Ribeiro revela: “Fiz parte do grupo Paranoá, com a Camila e Leonardi. Conversamos e me orientaram com relação à assistência familiar. Visitamos as famílias e tive oportunidade de contar histórias para uma menina de 4 anos. Foi maravilhosa a descoberta de vivenciar o quanto o voluntariado é uma benção para nós. Aprendi muito com essa visita”.
A palavra do Mestre nas ruas
Por meio do projeto Mãos Estendidas, em atividades com moradores em situação de rua, o Grupo Vida, encarregado de levar as virtudes do Evangelho aos irmãos, comove a todos com um jeito especial de falar sobre Jesus.
Analice Thomaz, coordenadora do Grupo Vida, afirma: “Estar na contação de histórias do Mãos Estendidas é ser presenteada. O ensino de cada história contada é um convite à reintegração com o meu eu, frente ao progresso espiritual. A equipe que compõe o Grupo Vida é um “feixe de varas” à semelhança do modelo preconizado por Jesus. A cada encontro somos convidados a vivenciar os ensinos do Mestre. E assim, juntos e unidos, vamos aprendendo com gestos e palavras a transmitir, a cada sexta-feira, uma nova história convidativa ao despertar para mudanças comportamentais em todos nós, voluntários e assistidos, entrelaçados neste trabalho de luz, a serviço de Jesus”.
Mãos estendidas aos enfermos
Até a pandemia, sob a coordenação de Maria Aparecida de Sousa Menegassi, os contadores de histórias, de forma lúdica, atuaram por anos no Hospital de Base e no Hospital das Forças Armadas (HFA), proporcionando momentos de refrigério aos internos de todas as idades. Neste ano a atividade retornou no HFA todas as terças-feiras.
Colhendo os frutos
De acordo com a diretora da DPS, Maria Tereza Carvalho, contar história nos remete à vida em família, principalmente à infância. “Nossos avós e nossos pais tinham o hábito de contar uma história antes de nos colocar para dormir, ou nos reunir ao redor de uma mesa, para conversar sobre diversos assuntos e contar histórias. Chegou ao conhecimento da DPS, pais que passaram a ler livros de histórias com seus filhos após constatarem o interesse dos mesmos pelos livros de histórias levados pelos voluntários às residências. É gratificante saber que essa atividade tem o poder de criar um ambiente doméstico mais saudável e feliz apesar das dores ocasionadas pelo estado de vulnerabilidade social das famílias”, revela Maria Tereza.
Reportagem de Ignacio Navarro, com informações da DPS. Fotos: Arquivo DPS
Um Comentário
Gratidão enorme por fazer parte dessa ação tão crística.