No terceiro dia do “7° Seminário do Grupo Acolher”, a palestrante Míriam dos Anjos refletiu sobre como dialogar com a ansiedade em nós. Ela afirmou que vivemos numa sociedade viciada em pensamentos preocupantes e que esse looping atinge de forma severa também o corpo físico.
Míriam nos lembra que o evangelho já nos incita à reforma íntima e que só conseguimos renovar atitudes e pensamentos quando o homem velho dá lugar ao homem novo. A ansiedade nada mais é que um hábito que precisa ser abandonado. A oradora cita Ramed, que em uma de suas obras, fala que a renovação só acontece quando entramos nos esconderijos psicológicos que construímos. “Ouvimos falar de sombra, o que é normal nesse mundo dual, temos sombra e luz. Somos bons e ruins. Sem essa dualidade não conseguimos não fazemos comparações. A sombra é um escaninho que vamos colocando lá todas as nossas pré-disposições, atitudes e tarefas, responsabilidades que não queremos assumir. Lá estão nossas tendências que não admitimos ser e se não admitimos, vamos escondendo. E esse esconder é a nossa dificuldade de descontruir a imagem ilusória que temos de nós mesmos.”
A palestrante também lembrou Joanna de Angelis que colocou a ansiedade como uma característica comum da sociedade contemporânea. E explicou que existe uma expectativa limitada que tem leves inquietações, e que esta é aceitável em situações como: encontros, uma entrevista de emprego, uma prova. Porém, Míriam ressalta que a ansiedade está entre os velhos hábitos criados, até em vidas passadas. E que a sociedade tem colocado na mente repetidas vezes pensamentos negativos, criando mentalmente cenários de tragédia. “Meu corpo que não sabe se é verdade aquele fato ou não, aquela tragédia criada na cabeça e isso causa sintomas como mudanças no ritmo respiratório, reações cognitivas, dificuldade de manter a concentração, problemas no sono.” A oradora explica que no cerne desse redemoinho está o medo.
Segundo ela é essa emoção que tem dominado a vida de muitas pessoas, fazendo com que suas existências sejam em torno de conflitos, levando a todos a perderem a capacidade de agir e pensar espontaneamente. A palestrante afirma que sempre é importante observar o que está por trás dessa preocupação, o que realmente está incomodando. ” Quando eu falo: meu filho eu te amo, me preocupo com vc. A verdade é que estou camuflando o medo de perder o meu filho, que algo ruim pode acontecer.”
Para fechar a conversa a oradora lembra que o evangelho fala: não vos inquieteis com o dia de amanhã. E que dentro dessa frase está a confiança na providência divina mesmo não gostando ou entendendo, mas sabendo que o que virá será o melhor.