As dores da alma e os socorros do céu é o tema do 8º Congresso Espírita do DF, aberto na noite desta sexta, dia 21 de abril, com a palestra inaugural de dois grandes expoentes do movimento espírita: o médico paraense Alberto Almeida e a psicóloga carioca Ana Tereza Camasmie.
Organizado pela Federação Espírita do Distrito Federal, o evento segue até domingo, dia 23, no auditório do Parlamundi, na 915 sul. Quinhentos inscritos lotaram o auditório nesse primeiro dia do congresso, que teve abertura e encerramento ao som da Banda Nova Luz. O evento é transmitido ao vivo pelo canal da FEDF no Youtube ( http://fedf.link/8congresso)
O presidente da FEDF Paulo Maia deu as boas-vindas ao VIII Congresso Espírita e citou as dificuldades em realizar um evento presencial após a pandemia. Ele agradeceu a parceria com a LBV, Legião da Boa Vontade, que cedeu o espaço Parlamundi, na pessoa de seu representante, Haroldo Rocha. Em seguida, a vice-presidente da Federação Espírita, Regina de Fátima Souza, fez a prece inicial.
A necessidade da dor na evolução espiritual
A primeira palestra da noite de abertura ficou a cargo de Ana Tereza Camasmie. Ao abordar o tema das dores da alma, ela enfatizou que não adianta alcançar a segurança material para fugir das dores existenciais, pois quem está num mundo de provas e expiações sente dor. “Tem assuntos difíceis para nós: a morte dói, solidão dói, injustiça, violência. A vida tem isso para a gente enfrentar. Podemos até escolher viver anestesiados, mas se a gente se fechar para a dor, também estamos nos fechando para a felicidade e a alegria”, disse.
Camasmie elencou a dor existencial em dois grupos, ambos naturais na vida em um mundo de provas e expiações: a dor e o sofrimento (o modo como experimentamos a dor). Segundo ela, sofremos por ignorância, não porque queremos. Porém, o discernimento, que pode ser a perplexidade diante da violência, por exemplo, já demonstra um grau de amadurecimento espiritual.
Mas qual a finalidade da dor? Para a psicóloga, na visão espírita, ela tem a função de nos tirar dos excessos, da autossuficiência, do egoísmo, da inércia na vida, para que possamos alcançar profundidade nas nossas almas e despertar para a vida espiritual. “Precisamos passar pela dor. Um dia não precisaremos disso, mas enquanto habitantes de um mundo de provas e expiações, ela é necessária”. E concluiu convidando todos a olharem para a dor como um momento de aprendizado.
As defesas contra a dor
Para o médico homeopata Alberto Almeida, segundo palestrante da noite de abertura, a dor é um ingrediente que faz parte da nossa condição humana. Pode ser espontânea ou trazer uma carga de sofrimento que exige maior atenção. É possível negá-la, fixá-la numa monoideia ou superá-la. “Temos 20 formas de nos defender da dor, que são estratégias para mantermos a nossa ecologia”, afirmou. A nossa competência em lidar com ela vai determinar as consequências em nossa vida. O palestrante chamou a atenção para as dores negadas: “A estrutura do ego não consegue lidar com o tamanho da dor e precisa assegurar o equilíbrio. Há que se respeitar todas as dores e suas manifestações”, enfatizou. São os sistemas de autodefesa para lidar com a dor, pois dentro dela há um dom a ser despertado.
Para uns, como Paulo de Tarso, o enfrentamento da dor é um convite para desenvolver coragem, energia, resiliência e humildade. “A dor nos convida a entrar na dimensão do espírito imortal que somos”, disse, ao referir-se à passagem de nível de consciência que ela nos proporciona. De forma bem-humorada, ele narrou a história de sua mãe, que superou dores físicas e emocionais para criar uma família
Alberto Almeida faz sua segunda palestra amanhã, dia 22, às 9h10, sobre o tema “Por que viver? O grande enigma”.
O VIII Congresso Espírita do DF continua até domingo, dia 23, com palestras, apresentações artísticas e mesas redondas. Confira a programação completa do evento aqui .
Por Ana Cristina Sampaio Alves
Fonte: FEDF