Em 29 de agosto de 1831, na antiga Freguesia do Riacho do Sangue, no Ceará, nascia Adolfo Bezerra de Menezes. O patrono da Comunhão Espírita de Brasília, é reconhecido como o “médico dos pobres”. Mas, poucos de nós, lembram que o dr. Bezerra levou seu amor, sua humildade e seus conhecimentos espíritas também para a política.
Bastante popular, amigos convenceram dr. Bezerra a se dedicar, não só a medicina, mas também a política. Foi deputado geral, vereador e presidente da Câmara Municipal da Corte, no Rio de Janeiro. Como deputado federal foram quatro legislaturas. A primeira vez tomou posse em 23/05/1867. Depois em 1878, 1882 e a última em 24/03/1885.
Foi durante a carreira política que conheceu o espiritismo em 1875, ao ler o Livro dos Espíritos. Em 1886, declarou-se espírita, no Salão da Guarda Velha, diante de duas mil pessoas. Mas antes disso, o então deputado geral Bezerra de Menezes já levava para tribuna a doutrina espírita. Em um trecho do discurso do dr Bezerra retirado dos anais da Câmara dos Deputados, de 17 de julho de 1884, é possível perceber que os ensinamentos já eram esclarecidos por ele. No dia, os parlamentares lamentavam a morte do conselheiro Pedro Luiz Pereira de Souza.
“…espirito criado para a vida infinita e eterna, manifestou em sua vida terrestre os sinais de adiantamento nesta escala que vai do zero humano até a infinita perfeição.” E segue: “eu, senhor presidente, não choro a perda do amigo que nos deixou, porque sou dos que creem, dos que tem fé em que no momento, em que o anjo da morte, pôs a mão gelada no coração do amigo, tomou-lhes a essência imperecível e conduziu-o através dos espaços a que a imaginação não pode por limites, e foi aos pés do trono daquele que é sempre misericordioso.”
Justo, dr. Bezerra de Menezes buscava o equilíbrio em propostas de lei. Como nesse projeto que o político tentava evitar o monopólio e defender a liberdade do comércio.
“Venho defender a parte dos interesses dos meus constituintes, que são os consumidores. Não vejo necessidade de colocar em antagonismo os dois únicos interessados nessa matéria, produtor e consumidor. Antes de tudo devemos empregar para que se chegue a um acordo.”
De acordo com um programa de rádio da Câmara dos Deputados, dr. Bezerra se destacou por projetos como o que regulamentou o trabalho dos empregados domésticos, como o aviso prévio de trinta dias. E também fez denúncias contra a poluição ambiental que afetava o Rio de Janeiro.
O Brasil em que o dr. Bezerra estava encarnado vivia ainda o triste episódio da escravidão. Abolicionista, dr. Bezerra levava para o plenário denúncias e preocupações com a vida daqueles que queriam a liberdade dos negros no país. Como revela trecho da sessão de 20 de julho de 1885.
“Efetivamente acaba de chegar de Campos um telegrama dizendo que foi agredido o gerente do jornal Vinte Cinco de Março, órgão do partido abolicionista daquela localidade, achando-se ferido gravemente na cabeça; sendo que policiais se opõem ao inquérito.” Um outro parlamentar afirma que isso é muito comum no país e dr. Bezerra rebate dizendo que esta é a importância da comunicação e pediu ao governo providências.
Antes disso, Bezerra, escreveu: “A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui- la sem dano para a Nação”, em 1869. O texto começa com uma manifestação para o público.
“As questões sociais, do mesmo modo que as políticas, não podem ser convenientemente resolvidas senão pela discussão. É do choque das ideias que sai a luz da verdade.” E segue: “nenhuma questão, segundo penso, reclama tão seriamente a atenção de quem se interesse pelo bem estar e futuro do país, como a emancipação da escravatura.”
Dr. Bezerra classifica essa emancipação como a principal reforma que o Brasil precisava na época.
Mesmo após o desencarne, dr. Bezerra continua olhando pelos brasileiros. O livro: “Bezerra de Menezes, ontem e hoje” traz uma mensagem recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, em 1988, intitulada: o Brasil e sua missão histórica de “coração do mundo e pátria do evangelho”.
“Nem a tempestade do pessimismo que avassala, nem a vaga dúvida que açoita os corações da nacionalidade brasileira impedirão que se consume o vaticínio da Espiritualidade quanto ao seu destino espiritual.”
“O Brasil prossegue, meus filhos, com a sua missão histórica de “coração do mundo e pátria do evangelho”, mesmo que a descrença habitual, o cinismo rotulado de ironia, sorriso em gargalhada estridula e zombeteira tentem diminuir em nome de ideologias materialistas travestidas de espiritualismo e destrutivas em nome da solidariedade. Que nos abençoe Jesus – o amigo de ontem – que já era antes de nós – o benfeitor que permanece conosco.”
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O Espírita dá o bom exemplo de solidariedade e fraternidade universais, onde quer que esteja, num cargo político, inclusive. Salve, Bezerra!
Importante para quem tem ouvidos de ouvir e olhos de ver.