Loucura, aliás, é o tema que permeia a história de vida de Dona Irene, médium fundadora da Comunhão Espírita. Até ter o esclarecimento de que mediunidade não é loucura, ela passou por muito sofrimento e dor, sendo criada longe de sua mãe, discriminada e isolada por também ter sua ostensividade aflorada e nunca compreendida.
Sem mais spoiler, conheça as atrizes que interpretam a médium em suas várias fases da vida, na peça Memórias de Dona Irene que tem sua estreia marcada para este sábado, 27 de agosto, com reapresentação no domingo, 28.
Despertar da coragem
Regina Borges, palestrante espírita, psicógrafa de textos poéticos e uma exímia declamadora de poesias espirituais, é roteirista da peça, juntamente com Arthur Souza. “Histórias de minha mãe que ninguém contou” e ” Memórias de um tempo” foram os dois livros usados como referência no espetáculo. Regina, além de roteirista, desenvolveu uma conexão profunda com suas obras que lhe deram a tônica de sua representação. Ela percorre por toda a história, contando a vida de Dona Irene e especialmente sua vivência na Comunhão Espírita, ato roteirizado pela diretora de Arte e Cultura, Germana Carsten.
“É indescritível o que experimento ao interpretar Dona Irene, embora seja também uma responsabilidade muito grande. Fico imensamente agradecida a Jesus e à espiritualidade maior pela confiança em mim depositada para fazer essa personagem tão significativa e marcante na história de uma das maiores casas espíritas do mundo”, considera Regina.
Ela relata ter aprendido muito e se sente feliz em poder tranquilizar os irmãos que sofrem por possuírem mediunidade ostensiva e não conseguirem lidar com esse dom. “Infelizmente, até hoje, mediunidade é confundida com loucura, apesar de todo o manancial de instruções e fatos que mostram que mediunidade é instrumento de trabalho no campo da caridade”.
Regina, considera que Dona Irene, vinda de uma família evangélica, teve a coragem de dar voz aos amigos do plano espiritual para amparar os que sofriam.
Regina Borges
Arte em cena
Aos 12 anos, Gabriela Magalhães herdou da mãe a sua veia artística. Sua mãe foi dançarina do Grupo Teatro Vida da Comunhão – GTV. Ela também dança, edita vídeos, é engajada na arte. Conta que sua tia reconheceu seu talento para interpretação e a encaminhou ao GTV. Sua atuação repleta de emoção foi refinada com a ajuda de colegas de palco e dos diretores da peça.
Gabi, como é carinhosamente chamada, representa na peça, a Irene ainda criança, com sua mesma idade, quando começou a vivenciar os episódios espirituais. Ela também tem sensibilidade. Conta que certa vez, viu Dona Irene e Seu Mário sentados, assistindo ao ensaio.
“Pretendo estudar a doutrina, ainda mais depois de participar da peça. Essa história me fez entender como funciona a espiritualidade e despertou em mim, o desejo de conhecer melhor o espiritismo”, comenta Gabi.
Gabriela Magalhães
Lição de Vida
Carmel Carsten cresceu nos corredores da Comunhão Espírita. Ela e seus irmãos ficavam até altas horas esperando sua mãe para voltar para casa. Carmel considera que ser filha de uma líder é saber esperar, pois diz que sua mãe é do mundo. E claro, a mãe espírita a incentivou também a cursar a Evangelização, estudo que interrompeu aos 18 anos e no qual construiu amizades para a vida.
No frescor da juventude, no alto de seus 23 anos, Carmel interpreta Irene na mesma faixa etária. Ela conta que sua mãe a fazia pedir a bênção à médium. “Não entendia a importância do trabalho de Dona Irene. A gente entra aqui e não pensa em como foi criada a Comunhão, tampouco no sacrifício que está gravado em cada parede desta Casa”, reflete.
Ainda que em épocas diferentes, a atriz vê muito mais semelhanças do que diferenças na vivência de sua juventude e na juventude de Irene. Apesar de tantos paradoxos, ambas são apaixonadas pela vida, gostam de se cuidar e têm muitos sonhos. “A arte espírita tem o poder de transformação. Atuar, me reconectou com a Doutrina e me fez pensar em muitas questões existenciais. A não aceitação, a segregação sofrida por ela e a forma como lidou com as situações difíceis de sua vida, são grandes lições de vida para mim.”, destaca Carmel.
Carmel Carsten
Louca não
Bárbara Brito tem registro profissional de atriz, mas o futuro incerto dos palcos e a necessidade de segurança e de rotina bem estabelecida a levou para outros caminhos profissionais. Hoje, é consultora de Gestão Estratégica. Mesmo assim, Bárbara nunca se afastou dos palcos e manteve o teatro como hobbie.
Espírita de berço, Bárbara é a única da família que desenvolveu a sua mediunidade. Psicofônica, psicógrafa, clarividente, ela é dirigente da Comunhão há 12 anos. A proposta educativa da Doutrina lhe proporcionou equilíbrio comportamental para direcionar a sua experiência à orientação e ao consolo.
A atriz representa Dona Irene em sua vida adulta e o contraste com a vida da atriz é transformadora. “A nossa trajetória é oposta. Minha experiência em atuar na mediunidade sem passar o que Dona Irene passou é de empatia e gratidão. É bom saber que mediunidade não é loucura, que a vida continua, que não há o fogo eterno, e que os médiuns são instrumentos de Deus para salvar pessoas em sofrimento, ensinando-os e resgatando-os”, compara.
Para ela, apesar de muitas cenas fortes da peça, o ponto mais lindo da vida de Dona Irene é que todo o suporte de esclarecimento veio do marido, Seu Mário, que com paciência e amor resignificou todos os seus traumas familiares. A partir daí, concluíram que o mundo precisava desmistificar o espiritismo, fundando, assim, a Comunhão Espírita de Brasília.
Perguntadas sobre o que desejam com Memórias de Dona Irene, todas foram unânimes, ver a Casa cheia!
Bárbara Brito
Serviço:
Memórias de Dona Irene
- Apresentações: Auditório Bezerra de Menezes da Comunhão Espírita de Brasília, 604 sul
- Datas e horários:
- Sábado, 27 de agosto, às 19h
- Domingo, 28 de agosto, às 19h30
- Entrada franca
Veja, a seguir, a chamada para a peça e um pouco da interpretação de cada atriz:
Comentários: 2
A peça é linda e quero assistir outra vez.
É muito gratificante conhecer a peça. Vale a pena assistir. Parabéns a todos!