A dependência química é um labirinto sombrio enfrentado por muitos, deixando cicatrizes profundas não só no corpo, mas também na moral, nos relacionamentos familiares, na sociedade e na espiritualidade. Na jornada marcada pela fragilidade, vulnerabilidade e desilusão, aqueles confrontando a dependência se veem à mercê de uma força que consome cada aspecto de suas vidas.
Na palestra realizada durante o 17º Seminário de Dependência Química, a médica pediatra espírita Márcia Leon abordou o tema “O que deixei a droga fazer comigo”. Ela enfatizou a abordagem multifatorial para enfrentar o problema, considerando aspectos psicológicos, neurofisiológicos, sociais e espirituais. Márcia destaca que locais de miserabilidade e lares em fragilidade propiciam um terreno fértil para desequilíbrios, afetando não apenas o dependente, mas todos os membros da família.
A disseminação enganosa de drogas, tanto ilícitas quanto lícitas como o álcool, através de mídias sociais, contribui, na opinião de Márcia, para a falsa ideia de que essas substâncias são interessantes e integrantes da vida em grupo.
A jornada de superação começa com a coragem de encarar os estragos causados pela dependência, reconhecendo-a como um atalho para a autodestruição, não apenas um desvio de percurso.
Quando buscar ajuda?
Atitudes corajosas exigem uma jornada abrangente de reconstrução, envolvendo o dependente, familiares e todos os envolvidos na cura e abandono do vício. A busca por ajuda multiprofissional, a adoção de hábitos saudáveis e a reconexão com o “mundo real” através de técnicas e atividades terapêuticas são passos cruciais. Márcia destaca a importância da espiritualidade na cura, citando os ensinamentos de Joanna de Angelis sobre as causas da dependência. “Na psicogênese da drogadição encontra-se o Espírito aturdido, inseguro, às vezes revoltado, que traz do passado uma alta carga de frustrações e de rebeldia”.
Combater a dependência química, portanto, é uma jornada de esperança, amor e renovação sem limites, onde a pessoa redescobre seu papel construtivo na sociedade. A superação, permeada pelo amor-próprio e pelo apoio de familiares, amigos e da comunidade, é um processo desafiador, mas cada passo em direção à sobriedade é um ato de coragem digno de celebração. Com apoio, determinação e amor, é possível reescrever a história e construir um futuro livre das correntes do vício. Cada passo em direção à recuperação é uma afirmação de coragem, força e independência.
As apresentações do 17º Seminário de Dependência Química” continuam até sábado (25). O tema desta quinta-feira (23) será: “Realizar a própria tarefa de recomeçar é sacrificar-se?”, a ser proferida pelos palestrantes Patrícia Torres e Márcio Amite.
*Reportagem: Fernando Tadeu