Os sobreviventes de um amor sem fim

A vida não termina com a morte. A morte é apenas uma passagem, um recomeço de uma nova fase de uma vida que continua. Em casos de suicídio, o amor em sua plenitude e o perdão incondicional dos “sobreviventes” são ensinamentos que a Doutrina Espírita prega, juntamente com a prece, para amenizar o sofrimento tanto de quem partiu como de quem ficou. Assim o amor, o perdão e a prece se completam para equilibrar energias, curar mágoas, harmonizar ambientes e principalmente para abrir novos horizontes de esperança numa clara demonstração de que “a vida é bonita, é bonita”.

Segundo Suséli Verdeli, membro da Associação Médica Espírita do Planalto (AME) e da coordenação do Departamento de Família da Casa Espírita Paulo de Tarso, que falou nesta terça-feira (26) sobre o tema “Na vida, nunca perdemos quem amamos”, a aceitação de perder alguém mais próximo pelo suicídio é mais difícil quando se compara aos processos de desencarne natural. “O medo, a raiva, a tristeza, a ansiedade, a vergonha e até a culpa ficam mais expostos”, explica Suséli, para quem o luto causado pelo suicídio normalmente se vincula a uma morte violenta e estigmatizada.

“Nesta perspectiva, os impactos na vida dos “sobreviventes” enlutados afetam além do aspecto pessoal e familiar e passam até por questões sociais, econômicas, físicas e emocionais”.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que de cada morte por suicídio, estima-se que a vida de outras cinco a dez pessoas sejam diretamente impactadas de maneira negativa.

Mas há luz no fim do túnel. O amparo da espiritualidade se faz sempre presente.  É neste contexto que o trabalho de acolhimento fraterno dos grupos da Comunhão Espírita de Brasília (CEB) traz novo alento e esperanças a quem mais precisa. Suséli relembra, porém, que o perdão é uma das atitudes mais regeneradoras que o Evangelho Segundo o Espiritismo de Kardec nos oferece para transformar a dor da perda e da solidão em nova esperança de vida.

A palestrante orienta cinco estratégias essenciais aos “sobreviventes”: compartilhar os sentimentos, evitar o isolamento, abster-se da culpa, reorganizar a vida ao seu ritmo e, caso seja necessário, buscar ajuda profissional.  “É evidente que as boas vibrações da prece são indispensáveis em todas as fases de acolhimento”, relembra Suséli.

Setembro Amarelo

O setembro amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio no mês. No Brasil, a campanha foi criada em 2015 pelo CVV (centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira e Psiquiatria).

A iniciativa do II Seminário é do Grupo Viver, um grupo novo da Comunhão Espírita de Brasília (CEB) que foi criado para “oferecer momentos de acolhimento e compartilhamento às pessoas com ideação (pensamento) suicida ou à famílias enlutadas pela perda de entes queridos pelo suicídio” explica Ruth Daia, coordenadora do grupo e responsável pela realização do seminário.

Confira a programação:
27/09 – Quarta-feira (20h)
“Quando a vida dói, é possível fazer parar?”. Palestrante – José Carlos Sousa
28/09 – Quinta-feira (20h)
“ A vida que insisti em não ter fim.” Palestrante – Antônia Nery
30/09 – Sábado (17h)
“Aceitar a própria vida, desistir não é uma opção.” Palestrante – Ênio Francisco

Texto: Fernando Tadeu

 

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