O projeto Caravana de Amor teve início durante a pandemia, idealizado por um grupo de frequentadores da Comunhão Espírita, com o objetivo de levar alimento aos moradores de rua do DF.
Hoje, integrado às atividades da Comunhão e com cerca de 20 participantes, conta sua história através do relato de um de seus idealizadores, Moisés Shalom Gonçalves de Almeida:
Tudo começou quando eu e minha esposa recebemos o convite de um amigo da Comunhão Espírita, no início da pandemia da COVID-19, para trabalharmos distribuindo marmitas. Um grupo de voluntários estava disposto a cozinhar, mas não havia quem fizesse a entrega.
Logo nos engajamos e, no início, éramos apenas três, mas com o passar dos dias convidamos outros amigos que também desejavam ajudar de alguma forma.
Buscávamos a marmitas na casa dos cozinheiros e saíamos em 3 ou 4 carros para distribuir aos moradores de rua na área da Asa Norte.
Com o temp, vimos que a quantidade de marmitas era insuficiente para o número de pessoas necessitadas e resolvemos complementar a quantidade que era produzida pelo grupo de cozinheiros. Os colegas que tinham habilidades na cozinha passaram a confeccionar algumas marmitas a mais e, com o tempo, incluímos até uma sobremesa, água e, quando dispúnhamos de doações, brinquedos, roupas e cobertores.
Ao se aproximar o fim do primeiro lockdown, sentimos a necessidade de manter a assistência, mesmo sendo pequena. Sentíamos a gratidão em cada encontro, em cada prece por eles proferida ao nosso trabalho. Na escuridão das ruas, poesias eram declamadas, músicas eram cantadas. Sorrisos e lágrimas nos motivavam a continuar. Como parar?
Agora éramos um grupo independente, decidimos escolher um nome e o escolhido foi “Caravana de amor”, sugerido pelo nosso amigo João Emílio. O sentido era que eu, minha esposa e ele estávamos sempre envolvidos em algum trabalho voluntário e nos nomeávamos os 3 caravaneiros, no entanto, agora éramos uma grande caravana. Criamos até uma camiseta para que os assistidos nos reconhecessem.
Nesse período cozinhamos cada um na própria casa. O problema é que perdíamos a oportunidade de nos reunir e o trabalho de cozinhar ficava centralizado em poucas pessoas. Então começamos a imaginar que seria muito interessante buscar uma estrutura que abrigasse o trabalho para transformá-lo em algo perene.
Então o presidente da Comunhão, ao saber de nosso trabalho e de nossas dificuldades, nos fez o convite para que apresentássemos um projeto visando a possível aprovação pela Diretoria da Comunhão.
O projeto “Caravana de amor” foi aceito e então passamos cozinhar com toda a equipe reunida. O grupo produz mais de 300 marmitas e 300 doces por domingo, com uma equipe de 10 a 22 trabalhadores. Iniciamos os trabalhos às 15h e saímos para distribuir às 18h no Setor Comercial Sul, Rodoviária e Torre de TV.
Havia um sonho “no ar”: que nossas marmitas pudessem chegar ainda mais longe. Um dia conhecemos o Ricardo, que dirige um Centro Espírita em Valparaiso (GO). Ele lera o irmão que tanto esperávamos e hoje nos ajuda na produção e enrega das marmitas mais longe do que poderíamos esperar.
Os insumos são todos adquiridos através de doações de membros do grupo ou simpatizantes. O grupo possui um Instagram (@projetocaravanadeamor) para que os apoiadores possam acompanhar o trabalho interno e externo.
O objetivo proposto possui duas grandes vertentes: uma é o campo de vibração e harmonia entre os trabalhadores, pois somos os primeiros a receber a atenção e carinho da espiritualidade. A outra é o trabalho principal que vai além do alimento físico, pois sendo apenas uma entrega semanal não é o suficiente para que os assistidos estejam sempre protegidos da fome, mas com a nossa atenção integral, uma palavra amiga, uma saudação carinhosa, proporcionamos a dignidade que eles merecem.
O que nos trouxe para esse trabalho foi a mesma intenção que moveu todos aqueles que fazem parte da equipe: a necessidade de fazer alguma coisa para ajudar nossos irmãos que estão em situação de vulnerabilidade, mas é claro que esse trabalho realizado por intermédio de nossas mãos precárias não nos pertence, mas, sim, ao Mestre Jesus.”
Como participar/contribuir
O Caravanas de amor trabalha com todo tipo de doação, que deve ser entregue à DPS. “Trabalhamos principalmente com arroz, feijão, macarrão e polenta. Nosso molho é feito com salsicha e frango”, acrescenta Moisés.
Interessado em integrar a equipe? Procure a Central de Voluntários na sede da Comunhão Espírita de Brasília, na 604 Sul.
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