Pobreza, por Divaldo Franco

Normalmente, a referência à palavra pobreza significa ausência de recursos de toda natureza, conduzindo o indivíduo à miséria.


Do ponto de vista histórico, sempre houve pessoas pobres, como sociedades muito necessitadas no seu conjunto, arrastando carências de toda ordem, especialmente a falta de valores amoedados e quaisquer outros que possam proporcionar conforto e bem-estar.

Além da situação deplorável pela falta do que pode manter a vida digna, sustentável, é também fonte de situações abomináveis.

O nada ou quase nada ter é resultado de injustiças sociais e egotismo de reduzida minoria de criaturas que se apoderam de tudo, em detrimento de posses mais ou menos favoráveis ao crescimento espiritual e moral.
Essa situação conduz à posição de indignidade espiritual, por facultar a ausência moral de ideais superiores e de ânsias que dignificam o ser humano.

Nesses covis da miséria, onde a fome se aloja e o desespero faz morada, os crimes mais perversos são urdidos e praticados.

Numa visita que Jesus realizou a um homem fariseu rico, que O convidara a uma refeição em sua casa, foi homenageado por uma desconhecida que lhe umedecia os pés com raro perfume, enquanto os enxugava com os seus cabelos.

Precipitado e ambicioso, Judas achou a cena um desperdício e reclamou que aquele perfume poderia ser vendido e o seu fruto distribuído aos pobres.

Jesus, que sempre estava em vigília, sem censura, respondeu-lhe: – Os pobres sempre os tereis, mas a mim, não!
O anfitrião não teve para com Ele nenhuma das obrigações recomendadas quando da recepção de um convidado: oferecer água e toalha para ablução, dar um ósculo na face. Mas a mulher estranha ofertava-Lhe beijo nos pés, lavados também por suas lágrimas…

Aquele fariseu hipócrita, que desejava ser homenageado recebendo no seu lar a figura ímpar do Mestre, fazia parte de uma classe perigosa e infeliz de pobreza, que é a de natureza moral. Ele se houvera reportado a esse gênero humano, quando expôs no Sermão da Montanha que seriam bem-aventurados os pobres de amor, de solidariedade, de compaixão… Espíritos ricos de tesouros morais.

A sociedade contemporânea encontra-se rica de técnicas e conquistas exteriores, falando sobre a igualdade dos bens de todos os seres humanos, no entanto, jamais abdica dos recursos que lhe produzem o poder, mediante os mecanismos da corrupção, dos vícios e dos meios lamentáveis de dominação arbitrária.

Faz-se indispensável que o pensamento hodierno contemple os legítimos valores que enriquecem, mediante o amor, a fraternidade e a justiça.

Nunca houve tanta injustiça no mundo, como hoje. Merece, no entanto, recordar que somente “os justos herdarão o Reino de Deus”.

Divaldo Franco, Professor, médium e conferencista espírita
Artigo publicado no jornal A Tarde (Bahia), coluna Opinião, em 21 de outubro de 2021.

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